Canção do Desencontro

Canção do Desencontro
Dúnia de Freitas

Fui guardar meus versos
em tua vida.
Na encruzilhada,
desviei-me de ti.
A vida me fez vestir
minha palavra de silêncio.
E te perdi.

Canção da Imagem

Canção da Imagem
Dúnia de Freitas

A todo instante,
a tua imagem
insiste em fixar morada
em minha retina,
irradiando sensações luminosas
de um bem-querer
carregado de ternura.
Tua presença fantástica
é tão real, é tão forte
que sinto a ti
e devolvo meu pensamento,
buscando-te.

Canção da Projeção

Canção da Projeção
Dúnia de Freitas

Se o meu pensamento
se ocupa
de tempo e espaço,
quero,
no tempo que passo
e no espaço que ocupo,
ser um ponto
sem espaço e sem tempo!

CANÇÃO PARA A BAILARINA

Canção para a Bailarina

Dúnia de Freitas

(Para Lorena)

Bailarina - artista da dança

mergulha em si mesma,

purifica a essência,

aquece a vida,

fervilha sonhos,

alforria asas,

transcende voos.

A dor doída

se faz construída

na ponta dos pés.

Germina a arte

no sopro do som,

no deslocar do espaço,

na fibra de aço.

Repete, repisa. repassa,

insiste, persiste, resiste

o brio ébrio da artista.

De suor lavada, 

escorre o cansaço.

Tem vigor, tem força,

tem leveza e graça.

Alquimia de movimentos,

desencadeia a síntese.

Estalo de maturidade!

Jorram aplausos.

CARPINTARIA DA PALAVRA

Carpintaria da Palavra
Dúnia de Freitas

"Ele desvestiu a poesia como se desveste uma roupa"

João Cabral de Melo Neto

Desinquieto navega o mar

onde  os gemidos das alcíones

denunciam a solidão diante das palavras.

Era o firmamento refletido

num espelho de ônix:  facetas conjugadas

para a infinitude da imagem.

Diante do sol, construir seu poema

era alforriar-se das quimeras.

Misto de brandura e de tormento.

Cedente, a loucura se inflama.

Depois do incêndio das palavras

o poeta costura suas imagens.

CANÇÃO PARA O SOL

Canção Para o Sol

Dúnia de Freitas

Se a chuva

lavou meus sonhos,

o sol

entrou em minha vida,

fazendo nascer

outros sonhos.

- Até a próxima chuva!